Em vídeo que circula nas redes sociais, Cabrini é abordado por um homem que tenta impedir que o jornalista filme a ação de policiais militares.
Roberto Cabrini viajou até a Ilha de Marajó, no Pará, para gravar uma reportagem especial sobre as denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes, que ganharam destaque nesta semana após a cantora Aymeê expor o problema em um reality show gospel. Porém, durante o exercício de sua função, o jornalista foi surpreendido com uma tentativa de intimidação por parte de autoridades locais. A reportagem vai ao ar no Domingo Espetacular deste fim de semana, (25/02)
Em vídeo que circula nas redes sociais, Cabrini é abordado por um homem que tenta impedir que o jornalista filme a ação de policiais militares. Ciente de seus direitos, o jornalista rebate o homem.
“Divulgar eu vou, porque eu sou jornalista e nada me impede, o espaço é público”, afirmou o jornalista.
“Eu já me manifestei que as imagens deles não vão ser veiculadas”, disse o homem que aparece nas imagens discutindo com Cabrini.
“Eu conheço a lei tanto quanto você. Não estou aqui para te prejudicar e nem você a mim, tá? Estou fazendo o meu trabalho e você o seu, você é profissional e eu também sou”, rebateu o apresentador.
Cabrini está no arquipelógo para buscar a verdade sobre o que, realmente, acontece na região e entrevistar as supostas vítimas e seus familiares, além de desvendar como atuam os criminosos que utilizam meninos e men
Casos de exploração infantil na Ilha de Marajó, denunciados por Damares, voltam ao debate.
de exploração sexual de crianças e tráfico de pessoas menores de idade na Ilha de Marajó, no Pará voltaram à tona nesta semana, após a repercussão de uma música da cantora Aymeê com o título “Evangelho de fariseus”.
Na letra, a cantora cita os problemas sociais e ambientais na ilha amazônica: “Enquanto isso, no Marajó/ O João desapareceu / Esperando os ceifeiros da grande seara / A Amazônia queima / Uma criança morre / Os animais se vão / Superaquecidos pelo ego dos irmãos”.
A canção repercutiu pelas redes sociais, após a cantora se apresentar na semifinal do programa “Dom reality”, competição musical entre artistas do universo gospel, com transmissão no YouTube, na última quinta-feira (15). Depois da apresentação, Aymeé fez um breve relato das tragédias e crimes que ocorrem em Marajó.
“Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard. As crianças de 5 anos, quando veem um barco vindo de fora com turistas (a jovem se interrompe)… Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5”, afirmou Aymeé.
O anúncio feito pela cantora reacendeu o debate sobre os casos de prostituição e pedofilia que já foram denunciados desde 2006 e até mesmo pela ex-ministra dos Direitos Humanos, senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Com a retomada do assunto, artistas e influenciadores lançaram a campanha #justicaporMarajo pelas redes sociais cobrando alguma solução para os crimes. Porém, na época que Damares denunciou os casos ela foi chamada de “louca” e criticada por artistas.
Em setembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública contra Damares e a União, para que paguem uma indenização de R$ 5 milhões à população do Arquipelágo do Marajó, no Pará, por supostas acusações de “práticas sexuais violentas e torturas com crianças”. A assessoria da parlamentar disse que “ela nunca foi citada” e na época, reforçou que “a senadora aguarda que o MPF seja implacável na caça aos abusadores e exploradores sexuais de crianças e adolescentes”.
A ação é referente a um vídeo, que circulou na internet em outubro do ano passado, onde a ex-ministra falou sobre os supostos crimes na região – como crianças do Marajó sendo traficadas para o exterior e sendo submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais. O MPF alega que Damares não apresentou provas dos supostos crimes citados. Segundo a pasta, foram registrados, entre os anos de 2016 e 2022, 5.440 denúncias pelo Disque 100 (canal de denúncias do ministério) de exploração sexual de menores no estado do Pará.
Em 2022, a Gazeta do Povo mostrou que os casos de exploração sexual e pedofilia são investigados há décadas na região e foram alvo de inquérito iniciado a pedido da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, em 2006.
Com o objetivo de investigar e apurar a prática de crimes de pedofilia, também foi criada em 2008, no Senado, a CPI da Pedofilia, cujo os trabalhos foram encerrados em 2010. Em suas recomendações aos estados, o relatório de quase 1.700 páginas sugere medidas de contenção da pedofilia no Pará. Uma delas solicita ao Tribunal de Justiça do estado a criação de comissão interna especial para apreciar com prioridade os processos de exploração sexual de crianças e adolescentes.
De acordo com o relator da CPI, o ex-senador Demóstenes Torres (DEM/GO), o estado do Pará havia apresentado casos “ostensivos” de pedofilia, com o envolvimento de autoridades.