Segundo a Polícia Federal, os sete alvos da investigação já atuava há décadas no estado. Eles ‘driblavam’
Aproximadamente R$ 90 milhões é o prejuízo que a organização criminosa comandada pelo ex-vereador Ronaldo Tabosa (Avante) causou aos cofres públicos, conforme informou o delegado Pablo Michel, chefe da Delegacia de Polícia Fazendária da PF (Polícia Federal), em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (4).
Os alvos da operação Tesouro Escondido são Felipe Santarém Aguiar, André Campos dos Santos, Fernando Araújo Dos Santos, Nilberto Nadson Tabosa, Renielton Moraes de Aquino, Alciberto Silva Tabosa dos Reis Junior e Ronaldo Tabosa dos Reis.
“Esse grupo criminoso já atuava há décadas e causou prejuízo de aproximadamente R$ 90 milhões”, disse o delegado Pablo. Porém, a justiça já autorizou o sequestro e indisponibilidade de bens móveis e imóveis, no valor total de R$ 87 milhões. O dinheiro será usado para quitação da dívida perante a Fazenda Nacional.
NO RASTRO DO CRIME
A investigação iniciou-se em 2019 e apurou um esquema de criação de empresas fraudulentas, por meio de organização criminosa, que fazia a utilização de “laranjas” (sem ciência da sua condição de participante na ação) e de “testas de ferro” (com ciência da participação).
Conforme o delegado Pablo, o grupo comandado pelo ex-vereador adotou um “modus operandi” complexo, difícil de apurar, que consistia na abertura de muitas empresas para tentar driblar o Fisco e as investigações.
As empresas eram criadas, inclusive com CNPJ, documento de pessoa jurídica, constituídas com a finalidade de dar continuidade à atividade ilegal de venda de planos de saúde sem registro na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), além de sonegar créditos fiscais, frustrar direitos trabalhistas, fraudar credores e lavar os ativos ilícitos obtidos por meio.
Ainda conforme delegado, a investigação foi instaurada com base em um trabalho da Receita Federal do Brasil, e com o avançar das investigações foram obtidos elementos contundentes de materialidade, autoria e circunstâncias criminosas que permitiram que a PF pleiteasse algumas medidas cautelares junto ao Poder Judiciário, disse o delegado em trecho da coletiva.
Durante as investigações, a polícia descobriu que a organização criminosa comandada pelo ex-parlamentar tem o envolvimento de quase toda a sua família. Pela manhã, além de Ronaldo Tabosa, os filhos dele, Jander e a filha Joice, foram conduzidos à Superintendência da Polícia Federal. Eles foram ouvidos e liberados.
Os suspeitos são investigados por venda de planos de saúde sem registro na ANS (Agência Nacional de Saúde), lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
VEÍCULOS DE LUXO APREENDIDOS
De acordo com o delegado, pela manhã foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e os sete mandados de prisão.
Conforme informações da Polícia Federal, Tabosa foi preso na manhã de hoje. Ele era o alvo principal da operação Tesouro Escondido. Ele foi preso em casa, no conjunto Atlantis, no Parque 10 de Novembro.
Foram apreendidos vários veículos, entre eles um Porsche que estava no nome de um sobrinho de Tabosa, mas que era usado pelo ex-parlamentar.
Entre as propriedades de Tabosa estão um parque de diversão, o Hope Baby, no bairro Tarumã, e uma igreja evangélica também no Tarumã. As investigações ainda não terminaram e correm sob segredo de justiça.