Manaus tem 2.532 pontos de ônibus. E um é bem diferente da maioria: ainda não inaugurada, a parada do Complexo Turístico da Ponta Negra custou R$ 207 mil aos cofres públicos da cidade
“Enquanto constroem uma parada de ônibus luxuosa na Ponta Negra, nós, os pobres, sofremos nos pontos de ônibus que nem ao menos têm um telhado, faça sol ou chuva”. O desabafo é da pensionista de 69 anos, Etelvina Alves, moradora do bairro Jorge Teixeira, Zona Leste da capital amazonense. Ela é uma das 550 mil pessoas que utilizam diariamente o transporte coletivo na cidade. Assim como Etelvina, outros passageiros relataram ‘esquecimento’ por parte do poder público após a construção de uma parada de ônibus de R$ 207 mil pela Prefeitura de Manaus no complexo turístico da Ponta Negra, na Zona Oeste.
Construída com porcelanato, aço inox escovado, madeira e pedra portuguesa, entre outros materiais mais sofisticados, a estação erguida no calçadão da praia mais popular da cidade está distante da realidade de outras paradas de ônibus de Manaus. Pontos de embarque e desembarque sem cobertura, sem bancos ou mesmo necessitando de reparos ou reconstrução são algumas das reclamações de quem se desloca todos os dias até os pontos de ônibus.
Segundo o industriário Gladson de Souza, cenas como essas já se tornaram comum à sua rotina. “É uma situação degradante. Pagamos tantos impostos, mas temos várias paradas de ônibus nessas condições. É uma falta de respeito”, disse.
Esse é um problema recorrente nas zonas Leste e Norte de Manaus, segundo o administrativo Gênesis Lopes, que também passa por essa situação todos os dias. Para ele, deve haver um olhar mais direcionado aos bairros dessas duas regiões, por parte da prefeitura.